PORT / ENG
SP de 13 a 20/09
BH de 20 a 27/09

RETROSPECTIVA PHILIPPE GARREL > TEXTOS
 

sujeito-sujet
suposto-supposé
saber-savoir:
o
cinema
de philippe garrel

Uma certa doçura na maneira de falar, não esconde a mente reflexiva e precisa de Philippe Garrel, cineasta francês, nascido há 69 anos atrás, filho dos atores Maurice e Martine Garrel, que se encontrou muito cedo completamente enlaçado e imerso no universo do cinema.

Dono de uma voz singular que o tornou um dos cineastas mais importantes de sua geração, com mais de 30 filmes na bagagem, dirigidos e escritos por ele, Philippe Garrel está presente no Indie Festival através de mais uma de suas escolhas. Ele determinou pessoalmente quais filmes gostaria de exibir nessa retrospectiva, inédita no Brasil. Filmes que considera representar essencialmente sua vida e obra cinematográfica. Foram selecionados 22 filmes no total, sendo 3 curtas e 19 longas. E assim foi feita a sua vontade.

Philippe Garrel que cresceu em um meio extremamente artístico, influenciado pelo profundo gosto pelas artes cênicas através dos pais, entrou para o mundo do cinema autoral muito cedo, aos 16 anos quando fez seu primeiro curta-metragem, Les enfants désaccordés (Os jovens desajustados, 1964). Um cinema pós-nouvelle vague, declaradamente influenciado pelas ideias de Godard. No curta, já estariam ali os signos, ou os primeiros sinais, do que seria este cinema: um jovem, uma mulher, uma relação, a família, as questões sobre o amor e o tédio, uma revolução. A inspiração autobiográfica, a busca da quebra do naturalismo. O universo de Philippe Garrel é marcado pelo preto & branco, pelo silêncio mortal das entrelinhas, por uma música poética ou dramática, e pelo enigma que ilumina a metáfora feminina. E assim será desde sempre.

Há um consenso entre críticos e teóricos franceses (alguns com textos neste catálogo, como Thierry Jousse, Dominique Païni, Jacques Morice e Philippe Azoury) de que a obra de Garrel poderia ser dividida em dois grandes momentos. Na primeira fase marcadamente mais experimental teríamos os primeiros filmes, que ele mesmo, Garrel, denominaria como realizados nos “anos obscuros” de 1969 a 1979, sem recursos, de maneira mais underground, apoiado pelo grupo de amigos de uma geração que viveu intensamente o maio de 1968 na França.

+ LEIA MAIS

Francesca Azzi