O Indie 2003 apresenta cinco exemplares da recente produção do cinema brasileiro. A mostra continua abrindo espaço para uma nova geração de criadores e mostrando ao público o fluxo de renovação do cinema brasileiro. Trazendo a cultura hip hop em Belo Horizonte e São Paulo, os mineiros Júnia Torres e Rodrigo Siqueira apresentam “Aqui Favela, o Rap Representa”. Os moradores de rua da capital paulista são o tema de “À Margem da Imagem”, do jornalista e diretor Evaldo Mocarzel. O documentarista Kiko Goifman, que esteve no Indie 2002 lançando seu primeiro longa, “33”, volta ao evento com “Morte Densa”, co-dirigido pelo paulista Jurandir Müller. O primeiro filme de ficção da diretora Isa Albuquerque, “Histórias do Olhar”, apresenta uma narrativa feminina sobre os sentimentos de amor, medo, rancor e inveja. Já o premiado longa do diretor pernambucano Cláudio Assis, “Amarelo Manga”, faz sua pré-estréia na cidade.
26.08, às 21:30 h
Sala 1
 

À MARGEM DA IMAGEM - SP - 2003 - 72 min.
Um filme de Evaldo Mocarzel

Um documentário que focaliza as rotinas de sobrevivência, o estilo de vida e a cultura dos moradores de rua da cidade de São Paulo. A existência de cerca de 9 mil pessoas vivendo nas ruas, demonstra ser este um problema dramático. O documentário mostra o cotidiano dessas comunidades que vivem em várias áreas da cidade, principalmente na região central, onde têm acesso a produtos e materiais descartados pelos escritórios e estabelecimentos comerciais. “À Margem da Imagem” focaliza temas como exclusão social, desemprego, alcoolismo, loucura, degradação urbana, cidadania e, como sugere o título, o roubo da imagem dessas comunidades.

>> Evaldo Mocarzel nasceu em Niterói, no Estado do Rio. Formou-se em Cinema e Jornalismo na Universidade Federal Fluminense, em 1982. Trabalhou treze anos no jornal O Estado de São Paulo e foi, durante oito anos, editor do Caderno 2. Fez curso de cinema na New York Film Academy, realizou o seu primeiro curta-metragem, “Retratos no Parque” em 1999. Faz parte do Círculo de Dramaturgia criado pelo diretor teatral Antunes Filho no Centro de Produção Teatral (CPT) do Sesc-São Paulo.


28.08, às 21:30 h
Sala 1

 

AMARELO MANGA - 2002 - SP/PE - 100 min.
Um filme de Cláudio Assis com Leona Cavalli, Matheus Nachtergaele, Chico Diaz, Jonas Bloch e Dira Paes.
Classificação 18 anos.

Um filme que fala de gente na berlinda, num cotidiano pobre e decadente do Recife onde, às vezes, fica difícil encontrar esperança. É composto por várias histórias, de encontros e desencontros amorosos. Guiados pela paixão, os personagens penetram num mundo feito de armadi-lhas e vinganças, de desejos irrealizáveis, da busca incessante da felicidade. O universo aqui é o da vida satélite e dos tipos que giram em torno de órbitas próprias, colo-rindo a vida de um amarelo hepático e pulsante. Não o amarelo do ouro, do brilho e das riquezas, mas o amarelo do embaçamento do dia-a-dia e do envelhecimento das coisas postas. Um Amarelo Manga, farto.

>> O diretor Cláudio Assis nasceu em Caruaru, Pernambuco. Dirigiu os curtas-metragens “Henrique” (1987), “Soneto do Desmantelo Blue” (1993) e “Texas Hotel” (1999), pelos quais recebeu diversos prêmios em festivais nacionais. Foi ainda diretor de produção do longa-metragem “Baile Perfumado”. Por “Amarelo Manga”, seu primeiro longa-metragem, recebeu o Prêmio de Melhor diretor nos Festivais de Brasília (2002) e Ceará (2003).


24.08, às 19:15 h
Sala 1

 

AQUI FAVELA, O RAP REPRESENTA
MG/SP - 2003 - 80 min.
Um filme de Júnia Torres e Rodrigo Siqueira.

Um registro de aspectos de uma produção artística jovem e pungente, de visão crítica e autônoma, extraída da realidade cotidiana das favelas e periferias brasileiras. O documentário refaz os caminhos por onde se processam e se constroem as informações produzidas pelo movimento hip hop em São Paulo e Belo Horizonte, nas vozes de jovens integrantes do movimento e de algumas de suas maiores expressões como Thaíde e Mano Brown. Aborda o esforço pelo fortalecimento das identidades, a reva-lorização de traços culturais étnicos afro-descendentes,
a recuperação da auto-estima e a compreensão da complexidade social através dessas manifestações culturais.

>> Júnia Torres é formada em Antropologia pela UFMG; pesquisadora do Centro de Referência Audiovisual de Belo Horizonte/CRAV; coordenadora do forum.doc.bh - Festival do Filme Documentário e Etnográfico; e presidente da Associação Filmes de Quintal. Rodrigo Siqueira é jornalista, trabalhou como editor de textos e imagens na Rede Minas e Canal 23, em Belo Horizonte. Fez pesquisa, produção do elenco de apoio e colaborou na assistência de direção do filme "Uma Onda No Ar", dirigido por Helvécio Ratton. Atua também como realizador de vídeos documentários e educativos Este é o primeiro filme deles.

 


22.08, às 19:15 h
Sala 1

25.08, às 21:30 h
Sala 1

 

HISTÓRIAS DO OLHAR
RJ - 2001 - 80 min.
Um filme de Isa Albuquerque com Maria Lucia Dahl, Alice Borges, Fernanda Maiorano, Walmor Chagas, Jonas Bloch, Liliana Castro, Camilo Bevilácqua, Eliane Giardini, e Joana Medeiros.

Inveja, rancor, medo e amor são os quatro sentimentos abordados numa seqüência de episódios que revelam a vida de quatro mulheres, tendo como pano de fundo o Rio de Janeiro, ao longo de um mesmo dia. Em “Inveja”, Aparecida descobre em Amanda a beleza que a abandonou. Em “Rancor”, Catarina trama uma vingança, em seu divã de analista, contra um homem que a rejeitou. Em “Medo”, uma adolescente reage ao assédio persistente do padrasto. Já em “Amor”, Frederico reconhece numa escultura a mulher que amou e tenta resgatá-la de seu criador.

>> A diretora maranhense Isa Albuquerque estreou na direção em 1987 com o documentário “O Crepúsculo do Verde”, sobre a devastação das matas nativas nas margens da Ferrovia do Aço, seguido por “Frechal, Terra de Preto”, e “A Quarta Dimensão de Clarice Lispector”, cinebiografia da escritora. “Histórias do Olhar” é seu primeiro longa-metragem de ficção. O filme recebeu o Prêmio do Público no Festival del Cinema Latino Americano de Trieste, Itália (2001).


27.08, às 21:30 h
Sala 1

 

MORTE DENSA
SP - 2003 - 55 min.
Um filme de Jurandir Müller e Kiko Goifman.

Um corpo marcado definitivamente, com ou sem sangue. Não há o espetáculo da morte. Um crime moral. Morre um irmão, um antigo amigo, o companheiro. Pessoas são mortas em situações banais com uma freqüência cada vez maior. Mortes não seriais, pouco espetaculares. São almas que sobem e corpos que caem. O filme visa um confronto com a banalização do ato de matar. Em contrapartida à proliferação de filmes que tratam de serial killers e afins, o objetivo do documentário é abordar o significado da morte para pessoas que “apenas” em um certo momento de suas vidas mataram. Assassinos-de-uma-morte-só.

>> Jurandir Müller nasceu em São Paulo, em 1960. É artista e documentarista e vem realizando vários projetos em diferentes suportes. Kiko Goifman nasceu em Belo Horizonte, em 1968. É antropólogo formado pela UFMG e mestre em multimeios pela Unicamp. Participou do Indie 2002 com o documentário “33”. Müller e Goifman são os criadores da produtora PaleoTV, dedicada a projetos culturais diversos na área de cinema, vídeo, videoinstalação e web art. Realizaram trabalhos como a série “Paisagens Urbanas”, os documentários “A Poética de Philadelpho Menezes”, “A Cidade e Suas Histórias”, “Aurora” e “Coletor de Imagens”; a videoinstalação “Morte Densa” (BH, 2001), entre outros.